BEM-AVENTURADO OS POBRES DE ESPÍRITO
Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o
Reino dos céus. (Mateus 5.3)
Todo o conjunto de ensinos do Sermão do Monte
em Mateus descreve aquilo que os discípulos, súditos do Reino de Cristo, devem
ser. O sermão do monte fala do ideal a ser buscado, do padrão a ser perseguido
pelos cristãos. Em Mateus encontramos o padrão de justiça cristã que precisa
ser perseguido. Deus exige dos seus discípulos
aquilo que Ele mesmo os capacitou para fazer. A primeira bem-aventurança nesse
sermão mostra-nos claramente que essa escalada não é possível ser feita sem
ajuda, não é possível ser feita sem uma transformação em nossa vida. Essa
escalada não é para o homem natural, pois ele jamais poderá alcançar o ideal do
sermão do monte, essa escalada são para os discípulos de Jesus Cristo, são para
aqueles que foram regenerados e que em tudo buscam satisfazer ao seu Rei.
A palavra usada no versículo 3 em grego que é
traduzido como bem-aventurados é makarios
e descreve o homem que é singularmente favorecido por Deus e por conta desse favorecimento
ele é feliz. Todos os moradores da terra são favorecidos por Deus, mas as
bem-aventuranças falam de outro tipo de favorecimento, falam daqueles que ao
serem gerados por Deus tornaram-se súditos do Reino e ao tornarem súditos do
Reino tornaram-se capazes de alcançar o padrão de vida que é estabelecido pelo
Rei Jesus Cristo em seu Reino.
A primeira consideração que precisamos fazer
a respeito desse versículo é a respeito da expressão “pobre em espírito” (ptoxwi tw pneumati). Jesus está falando que o Reino dos céus pertence a
todos os pobres? Se for isso que Jesus está falando então ser pobre é uma coisa
boa? Precisamos entender que o que Jesus está falando aqui não é um elogio à
pobreza, pois em nenhuma parte da Bíblia a pobreza é exaltada dessa maneira ao
ponto de que os que são acometidos por ela serem considerados dignos de
entrarem no Reino dos céus, se assim fosse não precisaria de Jesus ter vindo
morrer na cruz por causa dos nossos pecados, bastaríamos fazer um voto de
pobreza e o problema estaria resolvido. No entanto, “a pobreza não serve para
garantia de espiritualidade” (D. Martyn LLOYD-JONES, 2011, pág.38).
A palavra ptoxwi quer dizer: mendigo,
pedinte, pobre. O “pobre em espírito” (ptoxwi tw pneumati) é alguém que reconhecendo a sua miséria e insatisfação,
não busca nos bens materiais a sua satisfação, pois sabe que os bens matérias
podem proporcionar prazer, mas nunca felicidade, então esses “miseráveis” vão
em busca daquele que é o Único que pode satisfazê-los plenamente. Ser “pobre em
espírito” (ptoxwi tw
pneumati) é reconhecer a sua total
miserabilidade diante de Deus e reconhecer que nada do que você faz pode
merecer o favor de Deus, pois mendigo espiritual nunca tem nada para oferecer a
Deus. Você pode ser “pobre em espírito” (ptoxwi tw pneumati) sendo rico ou pobre
financeiramente falando, pois essa é questão de como você se vê diante de Deus.
Você se vê como alguém que precisa mais de Deus? Ou você se vê como alguém que
não tem tanta necessidade assim de Deus? Essa é a atitude de alguém que é
miserável diante de Deus espiritualmente e está como um pedinte, como um
mendigo, suplicando a Deus por mais de Deus, mais do seu amor, mais da sua
alegria, mais da sua paz, mais da sua paciência, mais da sua amabilidade, mais
da sua mansidão, em sua própria vida.
O ser humano que não foi regenerado despreza
essa qualidade, aquele que não tem a vida de Deus se acha autodependente, autoconfiante,
o que importa para ele é vencer no mundo, é ser o primeiro. Ele quer passar uma
imagem de confiança e de segurança, ele precisa passar uma imagem de sucesso, caso
contrário não será aceito no meio em que vive. Ser pobre de espírito é ter consciência
de ser totalmente dependente de Deus, em tudo, principalmente em atingir o
padrão do Reino que é estabelecido no sermão do monte (Mateus capítulos 5 á 7).
Você tem uma atitude de total dependência de
Deus na sua vida? Em quem você está confiando para viver o padrão do Reino de
Deus? Você se interessa por isso? Precisamos ter essa atitude de total dependência
de Deus, essa atitude de mendigos espirituais, pois somos, de fato, pobres de
espírito, pois precisamos de Deus e precisamos de sua ajuda para vivenciar o
padrão do céu aqui na terra. Gosto muito do que o D. Martyn LLOYD-JONES disse,
pois “se alguém, na presença de Deus, sentir alguma outra coisa qualquer, além
da mais total penúria de espírito, isso apenas significará, em última análise,
que tal pessoa nunca esteve na presença do Senhor”. (D. Martyn LLOYD-JONES,
2011, pág.40). Diante de um Deus Santo, rico em misericórdia, grandioso,
majestoso, que é todo poderoso e perfeito, nós só podemos sentir a nossa
miserabilidade e suplicar que Ele nos preencha com mais de si em nós.
Ser pobre de espírito é saber que não temos
nada de nós mesmos para oferecer a Deus, só podemos oferecer aquilo que
recebemos dEle. Pobres de espírito são aqueles que são sensíveis a sua pobreza
espiritual, aqueles que são conscientes de sua ignorância e pecaminosidade,
aqueles que são conscientes da sua culpa diante de Deus, aqueles que reconhecem
a sua fraqueza, sua fragilidade. Pobre
de espírito é aquele que reconhece a sua dependência de Deus para atingir o
padrão de Deus.
Bem aventurado o pobre de espírito, aquele
que tem o coração contrito por causa das suas transgressões contra Deus. “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que
habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como
também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos
abatidos, e para vivificar o coração dos contritos”. (Isaias 57.15) Deus habita com o pobre de espírito, Deus
sustenta o pobre de espírito: “A soberba do
homem o abaterá, mas a honra sustentará o humilde de espírito”.
(Provérbios 29.23) O pobre de espírito sabe que está longe da verdade Divina,
longe do padrão Divino.
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