NÃO JULGUEIS PARA QUE NÃO SEJAIS JULGADOS
"Não julguem, para que
vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão
julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês”.
(Mateus 7.1-2)
Jesus
está nos ensinando nessa passagem que é proibido fazer qualquer tipo de
julgamento? Será que o simples fato de não exercermos julgamento será levado em
conta para que não sejamos julgados?
As
palavras de Jesus Cristo em Mateus 7.1 “Não julgueis para que não sejais
julgados” é uma das declarações que Jesus fez que é mais mal entendida e
erroneamente citada. Sempre que o sujeito A quer impedir críticas do sujeito B,
sobre atitudes, sobre estilo de vida de dele, sobre ações que não
correspondem com o andar de acordo com a vontade de Deus, sobre ensinos que não
são encontrados na Palavra de Deus. Essas oposições contrárias a crítica que foi feita, muitas vezes são encontradas na ordem: “Não
julgueis para que não sejais julgados”. Essa frase é utilizada, amplamente, para
coibir qualquer atitude de critica que é feito sobre as ações das pessoas,
sobre as falas das pessoas, sobre os ensinamentos das pessoas, sobre as atitudes
das pessoas, sobre o estilo de vida das pessoas, mesmo que sejam atitudes que desonram a Deus e a sua Palavra. Mas será que é exatamente isso
que Jesus está ensinando nessa passagem?
Não
devemos exercer julgamento em nenhuma circunstância? É isso que Jesus está nos
ensinando? Certamente não é o que Jesus pretendia ensinar aqui nessa passagem.
Jesus espera que os seus servos façam julgamentos de valor, Ele espera que o
certo e o errado sejam identificados e que inclusive o ensino errado seja
combatido, Ele espera que o indigno e o digno sejam discernidos. Veja nessa
mesma passagem o versículo 6 que diz: "Não
dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso
contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os
despedaçarão". (Mateus 7.6) Como eu saberei quem são
os cães e os porcos se não exercer nenhum tipo de julgamento? Vejamos outro
exemplo no mesmo evangelho de Mateus no capítulo 18 que diz: "Se o seu irmão pecar contra você,
vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas se ele não o ouvir,
leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação seja
confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas’. Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele
se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano”.
(Mateus 18.15-17) Como eu vou mostrar o erro para o meu irmão se não exercer
nenhum tipo de julgamento sobre as atitudes dele?
O bem e
o mal existem, o certo e o errado não são determinados por cada pessoa individualmente,
não fica a critério da subjetividade humana, pois existem verdades universais estabelecidas
por Deus. O julgamento é exercido por aqueles que conhecendo essas verdades universais, oriundas da Palavra de Deus, veem em sujeitos, individuais ou coletivamente, o desrespeito e a quebra desses valores, desses princípios da Palavra de Deus, e o chamam
para o arrependimento. Exercer o julgamento é tarefa do homem e da mulher que
conhecem a Deus e estão vendo uma multidão caminhando, desenfreadamente, na
contra mão de Deus.
Faz
parte da busca pelo “Reino de Deus e sua justiça” exercer o julgamento (Mateus 6.33 – no mesmo
contexto do texto que estamos meditando). O que Jesus condena aqui nessa passagem é a
atitude de censura, é a atitude daquela pessoa que está ansiosa por encontrar falhas na vida
do outro a comparando com a sua própria vida. É uma atitude de julgamento constante com o
fim de rebaixar o outro, sempre em comparação com a sua própria “piedade” ou
falsa piedade, assim como agiam os fariseus na época de Jesus. Esse é um erro
que os cristãos devem evitar. Mas outro erro que devemos evitar também se
encontra em Mateus 7.6 que é o erro de não fazer qualquer julgamento, uma
recusa de exercer discernimento.
A atitude
de censura constante e de julgamento contínuo é um pecado praticado por aqueles
que tiveram um desenvolvimento exterior em sua vida cristã, ou seja, eles tiveram um
progresso em seu caminhar cristão, mas tornaram-se legalistas e, por causa do
progresso que fizeram tornaram-se orgulhosos. Na ânsia de consertar esse mundo
e levar pessoas a submissão à vontade de Deus eles ficaram cegos as suas próprias
falhas. Já a atitude de não exercer nenhum julgamento também é um pecado e é praticado
por pessoas que levando em consideração o fato de que ele tem que amar as
pessoas, ele se esqueceu tudo o que a Bíblia ensina sobre o ser humano, esqueceu que na
humanidade existe maldade, crueldade, assassinato, mentiras, deturpação do
erro, desvio da verdade, negação de Deus como o Senhor e Soberano sobre toda a
terra, ou seja, ele esqueceu a depravação total do ser humano. Essa suposta atitude de amor
para com as pessoas é um desvio do amor Bíblico que chama as pessoas ao
arrependimento, para que elas se voltam para Deus obedecendo-o. As pessoas que
cometem esse segundo pecado, de não exercer nenhum tipo de julgamento, desconhecem
o potencial humano para o mal, para o pecado, para o afastamento de Deus, e ao
fazerem isso, passam-se por “pessoas boazinhas”, mas que na verdade, por causa
da sua falta de senso ficam pisadas na lama (Mateus 7.6).
Como
resolver esse dilema? Falar a verdade em amor, corrigir em amor, mostrar o erro
em amor, mostrar o caminho correto em amor, ensinar em amor (Efésios 4.15,
29-30). Fazendo assim nós edificaremos os nossos irmãos e o ajudaremos a
prosseguir em busca do grande propósito de Deus para as nossas vidas (Romanos 8.28-29).
Precisamos buscar o equilíbrio entre o
julgar e o não julgar, o julgamento deve ser exercido sempre que for necessário
pelo bem da verdade para a glória de Deus; devemos ter uma atitude de
julgamento para o erro, ou seja, para o delito, para a atitude errada, para o
ensino errado, para a profecia (1º Coríntios 14.29, 1º João 4.1, 1º
Tessalonicenses 5.19-22), o cristão é chamado para o discernimento, conforme os
textos colocados acima, mas devemos ter o cuidado de julgar em primeiro lugar o
delito das pessoas e tomarmos o cuidado de não ficarmos censurando as pessoas; limite o seu julgamento para o visual, o terreno, e deixe a
atitude de julgamento em relação à disposição do coração do pecador para Deus, pois só Ele
conhece as intenções do coração do ser humano (1º Samuel 16.7, Romanos 8.27); e
por fim nunca julgue os outros sem se lembrar dos seus próprios pecados, pois
ao se esquecer de que somos pecadores, falhos, podemos atenuar o pecado do
outro como mais grave que o nosso, quando muitas vezes isso não é verdade. Não
caia no erro de que você escapará do julgamento de Deus pelo simples fato de
não julgar ninguém, isso não está na Bíblia, isso é ridículo, pois todos nós
seremos julgados (Eclesiastes 12.14, Romanos 14.12, 2º Coríntios 5.10),
ninguém, absolutamente, escapará do julgamento de Deus só pelo simples fato de
não julgar ninguém. Use o discernimento que Deus deu a você com sabedoria e
seja como os bereanaos (Atos 17.10-12) sempre buscando na Palavra, a Bíblia, a confirmação
daquilo que você lê ou ouve, se de fato está de acordo com o ensino da Bíblia!
ORAÇÃO:
Senhor Deus, nosso Pai de amor, nós te
agradecemos por tua Palavra e te pedimos sabedoria para exercer julgamentos,
sabedoria para ponderar sobre atitudes e ensinamentos que são contrários a tua
vontade e que precisam ser combatidos. Ajuda-me a não ser uma pessoa que não
censura as outras pessoas em todo tempo, ajuda-me a exercer o discernimento no
momento apropriado, ajuda-me a corrigir o erro em amor, mas antes disso
ajuda-me a me corrigir para a tua glória, em nome de Jesus Cristo, amém.
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